terça-feira, 23 de março de 2010

a tentativa de punir o irreversível


tô aqui.... acompanhando o 'homem' em mais uma tentativa de fazer justiça.
será que isso é possível?
será que é possível o ser humano ser justo?
será que as leis são capazes de punir o irreversível?

há quase dois anos atrás, acompanhei junto com o país inteiro, o drama de uma mãe que teve sua filha atirada pela janela. o drama da menina que teve sua vida interrompida pelo próprio pai.
nunca imaginei que assistiria isso. mas assisti.
ver aquela mãe chorar a morte de sua filha foi doído. mais doído ainda saber de que maneira aconteceu.

nessa época, minha filha já era nascida. e meus sentimentos eram mais aguçados, pois eu já sabia o que era o amor de mãe. e imaginar a dor daquela mãe me doía muito. e eu chorava, como se sentisse a dor dela. chorava compulsivamente em frente a televisão. não tinha como não sentir dessa maneira. mãe é mãe. e amor de mãe é tão intenso que dói.
(e mãe, não é sinônimo de gestação. mãe é sinônimo de coração. tem muita mulher parindo apenas com a barriga e não há o nascimento no coração.)

e hoje, eu fico imaginando como vive essa mulher que teve sua filha atirada pela janela.
por mais que haja condenação e pena máxima, ela sabe que isso não trará sua filha de volta.
ela sabe que por mais que tenha outros filhos, nenhum substituirá a sua filha assassinada.
ela sabe que, apesar de condenação ou não, o pai de sua filha a matou.
e ainda assim ela tem que levantar a cabeça, buscar a justiça dos homens e acreditar que haverá punição.
ela tem que seguir em frente. tem que viver a sua vida!

mas que vida?

existe vida para uma mãe que enterra um filho? se um filho é a razão de viver de uma mãe, há razão em continuar sem esse filho?

o assassino não acabou apenas com a vida da menina de 6 anos cheia de sonhos que estava começando a alfabetização. acabou com a vida de uma mãe e de toda uma família. acabou com a vida de seus outros 2 filhos, que vão crescer sendo apontados como filhos de assassinos.

não há julgamento que possa consertar o que aconteceu. não há julgamento que possa amenizar sofrimentos e consequências. o que aconteceu, aconteceu.

ficarei aqui, orando pra que haja condenação e que os assassinos sejam punidos pelas leis dos homens da maneira mais severa possível. e de uma coisa eu tenho certeza, os 2 irão prestar contas pra Deus. e nesse caso, a justiça é precisa e infalível.




2 comentários:

Luisa Dias disse...

Obrigada pela visita e aviso a hora que partirmos para esta viagem em busca da liberdade... Pensando nela, ao ler seu texto, reconheci que por mais que ela me valha, me seja essencial, tirá-la de alguém não é suficiente para curar em uma mãe a morte de um filho. Essa cura está mais longe, bem mais longe...

Gi disse...

Não imagino como é. Não sou mãe mas quando for pretendo ter isso como centro.Não sei o que é viver sem centro....