sexta-feira, 29 de outubro de 2010

por que dar limites dói?


ter filho é o que há de melhor nesse mundo!
e é o que há de mais desafiador também!
é um amor que não se mede.
uma responsabilidade que não acaba.

eu tenho uma filha.
não sei se terei mais filhos.....

educar dá trabalho.
mas pior é dar limites. isso dói na alma.
rasga o coração.

e existe um auto-julgamento que nunca acaba.
será que errei na dose? será que estou certa?
ando me julgando muito.... tá doendo.

eu poderia ignorar os limites, deixá-la mimada/insuportável, e criar um adulto imbecil.
(isso tem muito por aí)
mas prefiro ter meu coração dilacerado e ensinar o que pode e o que não pode, e dar a ela chance de ser uma adulta coerente, que respeite os limites e as pessoas e que tenha (pelo menos) um pingo de ética.

dar limites a um filho é como dar uma vacina.
dói, mas é preferível sentir essa dor cedo do que viver as conseqüências mais tarde.



terça-feira, 26 de outubro de 2010

HOJE É DIA DE CELEBRAR A VIDA DA GI!!!


a vida dá voltas.
isso todo mundo sabe, mas nunca imaginei que a minha daria tantas voltas.
a minha e a de minha família.

eu podia dizer que minha vida era um comercial de margarina. com toda certeza.
tinha uns probleminhas aqui, outros ali, mas era uma vida tranqüila.

eu não lembro exatamente o dia, e não sei porque minha memória não se encarregou de guardar esse registro. talvez porque eu quisesse nunca ter vivido isso. mas acho que foi em abril de 2007.
eu estava no meu trabalho quando minha mãe me ligou para dizer que a giselle tinha passado mal e estava na emergência do hospital são lucas desde as primeiras horas da madrugada.
eu deveria ter me chocado com a notícia, mas não. aquilo já estava rotineiro.
de tempos em tempos a cardiomiopatia hipertrófica da minha irmã proporcionava internações hospitalares, sustos na família e a deixava mais debilitada a cada dia que passava.
pouco tempo depois, meu celular toca novamente. dessa vez, minha mãe falava com voz embargada, e ao fundo, tinha um som estridente de ambulância (nunca vou esquecer). era para me avisar que a gi estava sendo transferida para o hospital quinta d'or, pois havia mais recursos e a equipe médica que a acompanhava era de lá.
eu trabalhei o dia todo apreensiva, pois pelo celular não tinha os detalhes do seu quadro. e para falar a verdade, não acreditava muito quando minha mãe dava as notícias. ela sempre amenizava o estado de saúde da gi. nunca falava a verdade por completo para mim e para meu irmão para 'nos poupar'. durante minha gravidez, a gi recebeu a notícia que a única saída para sua cura seria um transplante de coração. e ninguém me disse. me pouparam e fui a última a saber. soube bem depois que a manu nasceu. (até hoje não entendo isso, mas tudo bem. minha mãe achava que deveria agir dessa maneira na época.... eu respeito!)
nessa época, eu morava em jacarepaguá, fazia faculdade e trabalhava em copacabana.
são bairros distantes pra caramba. por conta disso, alguns dias da semana eu dormia com a manuela na casa dos meus pais.
esse dia, era dia de dormir fora de casa.
manu estava com o vovô, e tia méia dando uma força.

naquele dia, eu não tinha planejado visitá-la. estava preocupada em render meu pai e minha tia nos cuidados com a manu, que não tinha 1 ano de idade ainda.
mas minha mãe ligou, passando uma conversa fiada, que deveríamos ir vê-la. até tentei argumentar, dizendo que iria no dia seguinte, mas ela insistiu. e eu fiquei tensa.
pensei logo que aquela não era uma internação rotineira, que tinha algo de errado.
porque a giselle vivia em hospital, ora fazendo exames, ora internada por algum motivo relacionado à sua doença cardíaca. mas aquele dia, senti que tinha algo diferente.
saí do trabalho, encontrei com meu irmão e fomos direto para o hospital vê-la.

quando cheguei lá, encontrei minha mãe, do lado de fora da emergência, inchada de tanto chorar (minha mãe sempre evitava chorar na nossa frente, queria nos passar força e tranquilidade, quando na verdade sofria uma dor aguda ao ver a filha, na época com 24 anos, definhando aos poucos).
ver minha mãe daquele jeito, me doeu a alma. mas o pior estava por vir.

o nino, meu irmão, entrou primeiro.
a gi estava na enfermaria, aguardando uma vaga na UTI coronariana.
ele entrou e eu fiquei lá fora, abraçada com minha mãe.
ela chorava inconsolávelmente, como eu nunca a tinha visto chorar.
então, entre uma lágrima e outra, me disse: 'sua irmã está muito mal. por conta do coração fraquinho, teve um edema pulmonar agudo (e duplo, nos 2 pulmões). os médicos disseram que suas chances são poucas!'
minha mãe nunca tinha sido tão verdadeira comigo com relação à saúde da gi. logo, se estava abrindo o jogo, é porque o negócio era grave mesmo.
meu irmão, um cara que tem 1,80m, de fala grossa, barba na cara, saiu da enfermaria chorando como um menino. estava inconsolável também. não conseguia falar, só chorava.

rapidamente entrei. queria muito vê-la.

não lembro detalhes do local, mas lembro que tinha um cortina semi aberta envolvendo o leito que a gi estava. não queria lembrar de como a encontrei naquele dia, mas minha memória guarda aquela cena dentro de mim, bem viva.
ela estava deitada, cheia de fios e aparelhos controlando seu coração, tubo de oxigênio, um 'pi-pi' amedontrador e um barulho de bomba de ar que não sai de meus ouvidos até hoje.

sua pela estava pálida, seus lábios não tinham cor e estavam secos, seu olhar não tinha brilho, suas mãos estavam frias e seu peito inflava e desinflava no compasso do desespero.
sua fisionomia estampava a busca desesperada pelo ar.
parecia que estava dando seus últimos suspiros de vida.

fiquei ao seu lado um pouco, tentei passar força para ela. disse que a amava e que a esperava do lado de fora. não lembro quantos minutos fiquei ali. mas foram poucos. a cena era muito forte.
a minha irmã, companheira, melhor amiga, pessoa mais doce de todas e que tinha uma vontade imensa de viver, estava morrendo.
como?
como eu podia ficar ali observando ela lutar para o ar entrar em seus pulmões e não desabar??
então, dei um beijo e saí.
d e s e s p e r a d a .
não era para menos. os médicos já haviam nos dado o pior prognóstico possível.
liguei pro di e disse: 'gatinho, vai pra casa dos meus pais pra dar uma força com a manu porque eu preciso dar um apoio pra mamãe. a gi está morrendo!'

e ficamos do lado de fora, sentados num banco gelado e duro, eu, mamãe, nino e dois amigos (bruno e tatiana).
minha mãe queria passar a madrugada no hospital, do lado de fora, a postos para qualquer notícia.
esperamos a vaga na uti e a transferência da gi e fomos embora.
de nada adiantaria ficarmos ali fora, chorando e sofrendo.
nada poderíamos fazer por ela a não ser orar a Deus.
e foi o que fizemos.

no dia seguinte, para nossa surpresa, o quadro era outro. ela tinha melhorado absurdamente.
Deus, mais uma vez, tinha ouvido e atendido nossas orações.
minha mãe, que na noite anterior tinha ouvido que o estado de saúde da gi era grave e que ela estava em um quadro muito difícil, ouviu da boca de outro médico: 'sua filha tem muita vontade de viver! é quase inacreditável a mudança do quadro dela! ela está melhor!'

ela ficou mais alguns dias fazendo fisioterapia e se recuperando no hospital.
não saiu 100% pois não tinha entrado 100%.

depois, passou por outras muitas internações semelhantes e até piores que essa. teve algumas paradas cardíacas, foi reanimada algumas vezes, teve 2 isquemias, teve uma das carótidas entupida, e por fim, no dia 4 de maio de 2009, saiu de casa de cadeira de rodas e de ambulância para o aeroporto, de onde partiu para são paulo, num avião com uti móvel, para aguardar seu transplante.
ela não tinha mais forças para quase nada. seu coração era muito fraquinho.
em 23 de junho de 2009, às 11h, subiu para sala de operação do hospital beneficiência portuguesa para trocar seu coração doente por um novo.
a operação foi um sucesso, mas o pós operatório foi difícil. pegou uma bactéria e teve algumas complicações. meses depois, voltou pra casa. transformada!

ela nunca desistiu de viver! nunca desistiu de sonhar!!
passou por isso tudo sem reclamar. nunca soltou uma palavra de descontentamento. nunca questionou o por qual motivo passou 16 anos de sua vida vivendo uma doença degenerativa.
nunca perdeu a fé em Deus!

sua vida, deu uma guinada! a vida deu voltas!!!

nasceu em 27 de outubro de 1982 e renasceu em 23 de junho de 2009.

sua vida é exemplo de força, coragem, fé e perseverança.
sua beleza, ficou apagada por muito tempo, mas hoje sua pele é corada, seus lábios tem cores, seus olhos brilham de felicidade, seu fôlego é normal!

hoje, a minha irmã, minha melhor amiga, minha guerreira, meu orgulho, meu milagre de Deus, completa 28 anos de pura vitória e alegria!! 28 anos de VIDA!!!

agradeço a Deus por me permitir ser irmã dessa criatura maravilhosa, que tantas coisas me ensina nessa vida!
que essa data aconteça muitos outros anos!! pois ela ainda tem muitos sonhos para realizar! muita vida para viver!

GI, TE AMO MUITO! MAIS DO QUE VOCÊ IMAGINA!!!
OBRIGADA POR EXISTIR!




em tempo: hoje, celebro a vida da minha irmã, porque alguém manifestou, em vida, que queria
doar seus órgãos (clique aqui e saiba mais a respeito)!

seja um doador você também!

AS COISAS MAIS IMPORTANTES PRECISAM SER DITAS EM VIDA. DIGA EM CASA QUE VOCÊ É DOADOR DE ÓRGÃOS!




segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sem título, e sem muito sentido :p

complicado o ser humano, não?
não conhece a si próprio e quer conhecer o próximo!!!

às vezes acho que nem me conheço por inteiro...

é que além de não me conhecer direito, sou uma metamorfose...
não são mudanças constantes, mas a medida que passam os anos, olho pra trás e vejo que tem 'algo' diferente!!!

isso é normal!! fato!!! acontece com todo mundo (apenas algumas pessoas não percebem, mas que acontece, acontece!)

o que não é normal é o ser estar insatisfeito com um 'detalhe' em si e não fazer nada para mudar!!! essa sou eu!!! ou melhor, essa 'estou' eu, porque se fosse antes, já teria mudado.
mas como é agora, comigo levemente alterada em minha essência, nada acontece!!

vai entender.....

ps.: não estou sob efeito de nenhuma substância alucinógena, ok??
ps.2: tô pensando em comprar uma tinta colorida e pintar umas paredes aqui em casa....
ps.3: amo muito as visitinhas que recebo aqui!! principalmente os coments!!!
ps.4: tô parando por aqui esse post pro pessoal não me julgar 'a doida de pedra da blogosfera', ok?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

nem sempre querer é poder



eu queria uma semana em uma fazenda bem longe da cidade grande,
eu queria cavalgar por uma estrada de terra (sem rumo),
eu queria meus armários organizados para sempre,
eu queria um estoque de barras de chocolates na minha casa,
eu queria comer e nunca engordar,
eu queria um manequim 40,
eu queria uma conta bancária bem corda (sempre),
eu queria mais tempo com minha família,
eu queria ser menos ansiosa,
eu queria não roer minhas unhas,
eu queria mais filhos,
eu queria menos preocupação,
eu queria menos falsidade,
eu queria sol todos os dias e chuva fina ao entardecer,
eu queria morar numa casa,
eu queria um quintal gramado,
eu queria uma vista verde,
eu queria uma rede na varanda,
eu queria a casa dos Jetsons,
eu queria controlar o tempo,
eu queria uma vida livre de rótulos e cobranças,
eu queria ser criança outra vez,
eu queria viver apenas momentos felizes,
eu queria .......

eu queria que minha vida tivesse botão de PAUSE para pausá-la de vez em quando, e nos intervalos viver os meus sonhos realizados, ainda que eles fossem impossíveis!